sábado, 23 de abril de 2011

A JUSTIÇA TARDA E, TAMBÉM, FALHA


A JUSTIÇA TARDA E, TAMBÉM, FALHA
Eu comecei a trabalhar aos dezenove anos, logo após o falecimento do meu pai. Tive que abrir mão do meu projeto de estudar medicina, porque exigia tempo integral, para trabalhar e ajudar na manutenção da minha família, mãe e irmãos menores. Fui contratado por uma empresa, inicialmente como contínuo, antiga denominação de office boy, porque era a única função que não exigia experiência. Era, até então, estudante do ensino médio, naquela época, o nome era científico. Eu tinha certeza que não iria ficar naquela função por muito tempo. Logo eu comecei a arquivar os documentos do setor e aproveitava para ler a legislação a respeito do ramo pertinente e me inteirar do assunto. Não demorou, como almejava, fui gradativamente ascendendo no quadro da empresa, chegando, inclusive, em certo estágio,a ser nomeado procurador, tal a confiança que em mim depositavam, apesar de várias mudanças na administração.
Infelizmente, o ativo da empresa foi vendido para outro grupo e, a partir de então, passei a ser perseguido por um sujeito que foi posto na condição de meu superior, não por ter mais conhecimento ou experiência, mas pelo QI (quem indicou). O grupo, antes muito grande, reduziu-se a pequenas empresas de fachada, todas no mesmo endereço, que serviam, exclusivamente, para restringir as despesas, principalmente com salários e encargos trabalhistas, quando utilizavam o recurso de transferir, frequentemente,os funcionários para aquelas cujas categorias profissionais oferecessem menores benefícios, embora continuassem a executar as mesmas funções como se estivessem nas empresas originais.
Fui perseguido e humilhado, indubitavelmente com a intenção de que eu pedisse demissão. Mas resisti até completar trinta e quatro anos de trabalho dedicados ao grupo, quando fui demitido sob a justificativa de contenção de despesas.
Inesperadamente desempregado pela primeira vez e preocupado com a manutenção de minha família, naquela época constituída de esposa e filhos menores, aceitei emprego para trabalhar no único ramo que tinha experiência, para ganhar um quinto do que recebia na empresa anterior. Por causa do salário muito inferior, tive que requerer a aposentadoria quando completei os trinta e cinco anos de trabalho, para aumentar um pouco os meus rendimentos, apesar de que fui prejudicado por conta da minha idade. Segundo os critérios da previdência, eu era muito novo para me aposentar e, por isso, apesar de ter trabalhado durante trinta e cinco anos, receberia benefício menor como penalidade. No dia dois de maio de 2012 completarei quarenta anos na labuta. Enquanto isso, os políticos... A imprensa anda divulgando que os ex-governadores ganham pensão vitalícia, dezenas de vezes maior que o benefício que recebo do INSS, por terem a função uma única vez, por quatro anos. Alguns, dependendo do caso, com poucos meses de exercício do mandato. Pior, a mamata é extensiva às viúvas e filhas solteiras. Sem falar nos senadores, deputados...
Sentindo-me injustiçado, depois de tanto tempo no mesmo grupo, recorri à Justiça para me ressarcir dos prejuízos, inclusive morais em decorrência de diversos motivos.
Depois de mais de três anos para julgar o meu caso, a Justiça (aqui no Brasil, o entendimento de direito e a consciência de um homem comum) resolveu que eu estava querendo demais pedindo que a empresa me restituísse todos os benefícios que teria direito se continuasse registrado na mesma empresa para qual sempre trabalhei (reajustes salariais, assistência médica, alimentação e outros), que foram alterados ou retirados pelas sucessivas transferências, exclusivamente com essa finalidade, para outras empresas do mesmo grupo. Julgou correto, o magistrado, na distribuição da justiça, inclusive, que utilizassem o meu nome, como se empregado fosse, depois que fui demitido.
QUE JUSTIÇA É ESSA?

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